"Veja você, onde é que o barco foi desaguar"

A proposta é uma viagem além do senso comum, além dos estereótipos e do preconceito. O Além Mar foi pensado como uma ferramenta para escapar daquele velho "mais do mesmo" e materializar através de palavras um pouco do que penso das coisas.







quinta-feira, 14 de abril de 2011

E quando a gente não sabe dizer Tchau?

Ela era altiva, sorridente e brincalhona. Lembro-me do meu aniversário em que eu e meu pai fomos buscá-la, debaixo de chuva, para cantar o parabéns pra você. Quando eu a vejo, lá está ela, ensopada e com um pacotinho na mão dizendo: - Me atrasei porque passei na lojinha do supermercado para comprar esse presentinho para você. E me dá um sorriso e um abraço, bem apertado! Nas mãos, um enfeite de prateleira com a sigla do ॐ (letra do alfabeto sânscrito, a antiga língua hindu. Segundo o hinduísmo, ohm é o som do universo). E alguns dizeres. Ela era muito boa na arte de 'emocionar com as palavras'.

De repente, do riso fez-se o choro. Logo ela, ah, ela não combinava com isso, até já a vi chorar, se descabelar, mas isso é coisa de mulherzinha. Mexican Drama! Mas essa era uma versão somente para os mais próximos (hehehe!)

Com Nanda, aprendi a comprar biquínis na C&A por uma pechicha, comprei o DVD do Buena Vista Social Club, por recomendação dela, por sinal foi uma das minhas melhores aquisições. Aprendi o nome de umas 50 doenças, que ela dizia ter e tomava os mais diferentes remédios para tentar saná-las. Mas tudo isso com muita graça e leveza. Até a tristeza era engraçada... E para mim, ela combinava com felicidade, sorriso largo e poesia...

Não costumo atualizar esse blog, acontece uma coisa ou outra, eu esqueço ou me desmotivo e pronto, quando vou notar, já passaram meses. Utilizo, apenas, quando preciso desabafar algo que está me doendo muito, me agustiando, algo que precisa sair para eu continuar seguindo.

A dor de ter perdido Nanda, me marcou e sei que vai me marcar por muito tempo. Pela importância que ela tinha, pela brutalidade do acontecimento, pelo estado em que ficou Tia Patrícia, pela repercussão que o caso gerou e, principalmente, pelo medo que eu estou sentido de sair às ruas. A sensação de falta de segurança. Porra, podia ter sido eu ali, fazendo trabalho.

Como eu gostaria que a morte da minha querida amiga não fosse apenas uma estatística, se transformasse em uma bandeira de Luta! Logo ela tão idealista...
Ontem (13), durante o funeral, algumas pessoas, mais exaltadas, gritavam que os culpados deveriam morrer. Outros se diziam a favor da pena de morte. Bem, eu não acredito que devemos nos pautar pela Lei do Talião: "Olho por olho, dente por dente". Somos muito mais que isso, ou pelo menos eu tento acreditar nessa ideia.


E deixo-a com as palavras que não tive tempo de dizer nos últimos dias, talvez meses:
Nanda, Na Luz Somos Um ( e assim ficaremos para sempre!) Obrigada por todos os momentos e sorrisos bons que me destes.
Siga na luz onde quer que você esteja!

Que Deus te Ilumine!

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