"Veja você, onde é que o barco foi desaguar"

A proposta é uma viagem além do senso comum, além dos estereótipos e do preconceito. O Além Mar foi pensado como uma ferramenta para escapar daquele velho "mais do mesmo" e materializar através de palavras um pouco do que penso das coisas.







domingo, 21 de novembro de 2010

Pra coroar nossa amizade!

"Pois é de Deus
Tudo aquilo que não se pode vê."


Quatro seres se encontraram nesse mundo tão perdido e tão marcado pelos desencontros. Comportamentos e mentes tão díspares, descobriram na força de uma amizade verdadeira toda a intensidade, força e energia para seguir em frente nessa caminhada chamada VIDA.


Tem aquela que adora crustáceos. Caranguejo e camarão é com ela mesma. Dona de uma personalidade incisiva, persuassiva e pulsante, a cada palavra, conselho e abraço. A convivência a seu lado adquire contornos tão libertários e imprecisos, sempre tem aquele gostinho de surpresa e indeterminação a cada saída. Sabe a Tigresa, da Betânia?? Ela é exatamente assim: "Uma tigresa, de unhas negras e íris cor de mel...Uma mulher, uma beleza". Admiro demais essa Borges,e espero tá ao lado dela por muito e muito tempo.

A outra é a falsa moralista, hehehehe. É uma amizade de longas datas. Crescemos, amadurecemos, passamos por altas barras juntas. Ao longo de quase 10 anos, desenvolvemos uma relação de cumplicidade fraterna, decorrente da minha posição de filha única. Pode ser de meio dia ou meia noite (ou 3h da manhã), eu sei que ela vai abrir a porta do prédio pra mim. Quando ela viajou para os EUA, vixe, senti uma saudade tão grande, uma coisa estranha. Não tinha pra quem ligar e contar as bobagens cotidianas. Sigo gostando dela, mesmo quando ela me queima contado coisas da nossa infância, época em que eu ainda não era uma pessoa descolada.

E para aqueles que acham que amizade de faculdade não é verdadeira, eis que surge a terceira integrante do quarteto, ela é uma bola de fogo, um siri na lata. Foi um presente que o curso de jornalismo me deu, uma pessoa de coração tão bom, altruísta ao ponto de provocar raiva na gente. "Deixa de ser besta, amiga", provavelmente ela não aguenta mais ouvir essa frase. Já fizemos as coisas mais doideras juntas, carnaval em Olinda, banho de chuva, cigarro molhado, timbu no telhado. Essa pequena cresceu e virou uma mulher fantástica, e o melhor de tudo é que acompanhamos passo a passo essa transformação.


Eu? Ah, eu sou produto dessa construção coletiva também. Cresci e amadureci muito com os 'puxões de orelha'. "Se liberta, amiga", "Se permite". Bem, hoje eu me permiti e sou uma pessoa felicíssima.

Ontem, nos reencontramos e foi tão paranóico, fantástico, mágico. Tive a sensação de me ver refletida nelas e vice versa. Hoje, me orgulho por ter conseguido construir uma amizade tão verdadeira e com bases tão sólidas.

Nanda, Lhulhu bola de fogo, Hanaty y yo.
E que venham Catuama, Varanda's Bar, shows de Faringes, Curta quarta, sexta, Olinda, Recife. Onde elas estiverem eu vou estar feliz.

Nanda, Hanaty e Luciana esse post foi uma singela demonstração do amor que sinto por vocês. Obrigada por alegrarem meus dias com a energia e o brilho dos seus sorrisos. (Sim, elas usam Colgate!)

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Madrecita, querida!

"Sei do incômodo e ela tem razão
Quando vem dizer, que eu preciso sim
De todo o cuidado" (O velho e o Moço - Los Hermanitos)


Aiiii, hoje acordei tão materna, sempre tive vontade de ser mãe, desejo ver aquele rostinho pequeno sorrindo ou chorando pra mim. Tenho essa vontade antes mesmo de achar um pai. Diversas vezes já me passou pela cabeça criar meu filho sem pai, sinceramente, sou suuuuuper pra frentex quanto a isso. Tá bom, eu sei que é legal pra criança aquela figura paterna e blá blá blá, mas, rélôôôu, homem bacana tá escasso.

Maaaaaaas, graças a providência divina, já achei o cara que mexeu com minhas estruturas, com meus conceitos e com minhas pernas (pois é, elas ficam bambas na presença dele!), e  agora eu compartilho com ele meus desejos por filhotes, e o melhor, isso é uma delícia fazer isso a dois.

Sou uma pessoa bastante razoável, planejo a maternidade, para daqui a 4 anos, quando eu já estiver formada, com uma carreira minimamente organizada e já tiver feito meu intercâmbio para a Espanha (tenho fé, que ele deslancha!). Enquanto isso, fico vendo um bando de mulheres grávidas e babando em cima daquele barrigão.

Adoro e sempre adorei crianças, só não suporto aquelas metidinhas a gente grande, essas são beeem chatinhas ("aí, mãe, não gosto disso, não gosto daquilo". Aaaarrgh, abuso!!). Acho a maternidade um presente dos céus, você tem um serzinho lindo pra cuidar, educar, dar amor, passar ensinamentos e conhecimentos, brincadeiras, novas palavras. Sei que isso é precoce, mas confesso que já tracei a lista de livros que minhas crias vão ler (uiii, filhos nerdinhos, lindo, lindo, lindo!).

Planos, ahhh, os planos são tão legais. Havia me esquecido da riqueza e da pureza que eles contêm.

Dedico esse texto, a Mônica, minha mãe. Uma mulher singela e delicada, mas com uma força imensurável e que acima de tudo sempre se mostrou minha amiga, mesmo quando eu nem queria. E que com muito amor e carinho (daquele jeito reservado que só ela tem) me educa e me aguenta há 22 anos. Mamis, obrigada, pelos beijos de madrugada (a senhora nem deve saber, mas eu sempre estou acordada) e das muitas noites em claro, segurando minha mão, por causa daquele cansaço (que não saí de mim, não sai de mim, não saí...). 

sábado, 11 de setembro de 2010

Amor Sertanejo

Homem de aparência serena, tranquilidade no olhar, na falam no toque e nas atitudes, esse é Rodolfo Nícolas, meu ná.. Vontade de ficar junto e não desgrudar mais. Compreensão, sintonia, respeito, orgulho, atração, tesão sentimentos que passaram a fazer parte do meu cotidiano desde o dia em que conheci esse broto. Há oito meses atrás, essa pessoa linda, olhou pra mim e disse: Morena, quer namorar comigo? (OOOoouun, que lindo e a breguice total se apossou do meu ser)

Te quiero mucho, mi cariño

Naquela mesa tá faltando ela...


"Num dia assim calada, você me mostrou a vida. Agora vem dizer pra mim, que é despedida". (O Leite - Otto )

Naquele 31 de janeiro de 2010, minha vida perdeu um pouco da racionalidade, do aconchego, do amor e dos puxões de orelha. Por volta das 16h, Dona Terezinha Lopes da Silva, mãe de Mônica, Ricardo, Alberto, Giani e Ila e avó linda de Marcela sofreu um enfarto fulminante, em questão de minutos eu vi ela indo desmaiada para o hospital e meia hora depois recebi a fatídica notícia. A morte é uma coisa complicada e difícil de classificar ou descrever. Nunca quis pensar que isso pudesse acontecer, não com ela, Dona Terezinha sempre tão marrenta, chatinha, encrenqueira, cabeça dura, nossos gênios tão divergentes, às vezes, provocavam faíscas: "Sai do telefone, Marcela", " Vai fazer concurso público, menina","arruma esses livros, tira esses papéis daí" essas eram algumas das frases favoritas dela. Mas, sem dúvida, foi a pessoa que mais torceu por mim, pela minha vitória, pelo meu sucesso, pela minha felicidade.

Mulher de fibra, que levou a família nos braços, incompreendida por alguns, amada por muitos, só quem viveu ao lado dela é capaz de compreender a generosidade e grandeza carregadas dentro daquele coração. Choro muito quando lembro que não vou mais ouvir as histórias dela de criança, quando ela morava em Timbaúiba, ou quando ela teve três namorados, ou quando ela trelava e minha bisavó dava-lhe umas palmadas. Vovó tinha uma mania de limpeza que me irritava, porque sempre fui meio desleixada, e travávamos batalhas Homéricas quando o quesito era arrumação.

Ainda sinto ela presente dentro de mim, em cada parte da casa, são lembranças tão reais, reconfortantes e boas, ensinamentos, posturas diante das coisas. Se eu conseguir disseminar um terço da honestidade e da generosidade dessa vó, vou sentir que cumpri meu dever na terra. Sempre tive muito medo de despedir-me dela, pois pra mim Dona Terezinha era a base, o porto seguro, mas agora percebi que essa despedida nunca vai acontecer, porque ela tá dentro de mim, nos meus gestos, no meu jeito "brabinho" e estilona de ser.

Então esse post é uma homenagem a essa mulher tão maravilhosa, símbolo de força e amor.
Vovó chatonilda te amo para sempre.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

As chaves da dignidade


Logo mais, estarei na comunidade da Ilha de Deus, localizada no Bairro da Imbiribeira. Vou registrar o momento em que 27 famílias, que outrora moravam em palafitas, vão pela primeira vez na vida receber as chaves da casa própria. Uma história de muita luta, reivindicação, reuniões e sacrifícios marcam a história dessa comunidade.

Contrariando a letra "Da lama ao caos", do músico Chico Science, a paisagem que espero encontrar na Ilha de Deus é de esperança, famílias com olhares renovados e voltados para o futuro. Lama agora, é só a morada dos carangueijos.

As chaves da casa nova são a representação material de que dignidade, respeito e moradia digna é um direito humano. Espero, sinceramente, que isso sirva como ponto de partida para muitas outras conquistas.


E Viva a Ilha!!