"Veja você, onde é que o barco foi desaguar"

A proposta é uma viagem além do senso comum, além dos estereótipos e do preconceito. O Além Mar foi pensado como uma ferramenta para escapar daquele velho "mais do mesmo" e materializar através de palavras um pouco do que penso das coisas.







sábado, 11 de setembro de 2010

Naquela mesa tá faltando ela...


"Num dia assim calada, você me mostrou a vida. Agora vem dizer pra mim, que é despedida". (O Leite - Otto )

Naquele 31 de janeiro de 2010, minha vida perdeu um pouco da racionalidade, do aconchego, do amor e dos puxões de orelha. Por volta das 16h, Dona Terezinha Lopes da Silva, mãe de Mônica, Ricardo, Alberto, Giani e Ila e avó linda de Marcela sofreu um enfarto fulminante, em questão de minutos eu vi ela indo desmaiada para o hospital e meia hora depois recebi a fatídica notícia. A morte é uma coisa complicada e difícil de classificar ou descrever. Nunca quis pensar que isso pudesse acontecer, não com ela, Dona Terezinha sempre tão marrenta, chatinha, encrenqueira, cabeça dura, nossos gênios tão divergentes, às vezes, provocavam faíscas: "Sai do telefone, Marcela", " Vai fazer concurso público, menina","arruma esses livros, tira esses papéis daí" essas eram algumas das frases favoritas dela. Mas, sem dúvida, foi a pessoa que mais torceu por mim, pela minha vitória, pelo meu sucesso, pela minha felicidade.

Mulher de fibra, que levou a família nos braços, incompreendida por alguns, amada por muitos, só quem viveu ao lado dela é capaz de compreender a generosidade e grandeza carregadas dentro daquele coração. Choro muito quando lembro que não vou mais ouvir as histórias dela de criança, quando ela morava em Timbaúiba, ou quando ela teve três namorados, ou quando ela trelava e minha bisavó dava-lhe umas palmadas. Vovó tinha uma mania de limpeza que me irritava, porque sempre fui meio desleixada, e travávamos batalhas Homéricas quando o quesito era arrumação.

Ainda sinto ela presente dentro de mim, em cada parte da casa, são lembranças tão reais, reconfortantes e boas, ensinamentos, posturas diante das coisas. Se eu conseguir disseminar um terço da honestidade e da generosidade dessa vó, vou sentir que cumpri meu dever na terra. Sempre tive muito medo de despedir-me dela, pois pra mim Dona Terezinha era a base, o porto seguro, mas agora percebi que essa despedida nunca vai acontecer, porque ela tá dentro de mim, nos meus gestos, no meu jeito "brabinho" e estilona de ser.

Então esse post é uma homenagem a essa mulher tão maravilhosa, símbolo de força e amor.
Vovó chatonilda te amo para sempre.

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